Black Tide - Post
Mortem
Em
2004 ,em Miami, a banda “ Radio” – atual “Black Tide” , formada pelo atual guitarrista e
vocais da banda Gabriel Garcia e seu irmão mais velho Raul Garcia , que
recrutou um segundo guitarrista, Alex Nuñez (posteriormente, ocorre a entrada
de Zachary "Zakk" Sandler - baixista, e Steven Spence - baterista ) , começou
a afiar as garras produzindo uma sonoridade inspirada no Heavy Metal clássico
oitentista. Mesmo sendo muito jovens , o
talento dos músicos latinos – excetuando-se “Zakk” – chama a atenção de um
executivo da EMI Music , que prontamente notificou a Interscope para a gravação do Cd “
Light From Above” .
O lançamento do Álbum, em 2009 , dá uma cara
limpa e jovial ao Heavy Metal . Chovem elogios e a crítica delira com os vocais
de Gabriel , demonstrando tanto talento tão prematuramente.
Passado o alvoroço , os rapazes começaram a gravar um novo disco: “Post Mortem”. Para os que esperavam algo construído na
linha do álbum anterior, a surpresa: O
álbum foi todo delineado em
experimentações do gênero Metalcore , que possuiu grande difusão nos E.U.A.
Além do visual da banda ter mudado – Marketing, a alma do negócio – os ouvidos ávidos pelos agudos de Gabriel
encontram um murro na cara ao escutá-lo tentando amedrontar a todos com seus
guturais.
Mas,
não, o Álbum não é ruim. Mas para uma banda que tinha tudo para ser a nova cara
do Heavy jovem, bem trabalhado , têm muito a perder ao se tornar apenas mais
uma figurinha na coleção de Metalcore.
O disco
abre com a pesada “Ashes”. Com riffs fortes e bem definidos, a banda apostou na
sonorização que se arrasta sem criatividade pelas bandas de metalcore. Com
refrões frescos e melódicos, não causa aquela primeira boa impressão que alguém
na posição deles deveria se preocupar em passar. Na seqüência temos" Bury Me", talvez a
melhor faixa composta para a obra dos rapazes. Com guturais alternados e um composição melódica de arrepiar. Parece
que , com esta faixa , os carinhas beberam da fonte do Hardcore . O que culmina
numa experimentação interessante. Solo virtuoso e cadenciado.
Logo após temos a decepcionante "Honest
Eyes", que tenta ser uma balada pop sem muito sucesso. Dando a impressão que sua
composição foi vomitada após uma má digestão. "That Fire" é moderninha com
pretensão de desordeira. Não funciona com sua letra caquética e uma mentalidade
de composição muito simples.
“Fight Till the Bitter End” é a pior do disco, sem dúvida.
Como uma simplicidade de música comercial de enojar qualquer um. Além do timbre
de bateria ser muito ruim."Take it Easy” segue uma linha metódica e crua, mas sem
competência, com riffs e batidas na linha “pula-pula”, e que não merece mais
audições. “Lost in the Sound", com uma letra bem positiva, também não
engrena, e literalmente faz você se sentir meio “perdido no som”, apesar de ter
alguns riffs e solos bem interessantes.Em Walking Dead Man a banda mostra toda sua agressividade,
mas cai num refrão meloso e arrastado . De que adiantou a porradeira e o peso dos versos?
Para fechar as cortinas temos “Into the Sky”, uma balada bem feita, “legal,
legalzinha”, sem surpresas ou inovações.
A verdade é que não sei se a mudança na performance da banda
foi apenas para apostar em algo mais da sua década, ou simplesmente por ser um
caminho mais fácil, rentável e de rápida assimilação, como o MetalCore. De
qualquer forma, Post Mortem é um bom disco já que, pras nuances do estilo, não
deixa tanto a desejar.
- Wanderson Duke Ramalho