sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Ideologia Rock: comentando a tal cena grunge

Ideologia Rock: comentando a tal cena grungeCostumo dizer que nem tudo de melhor da história do rock n’ roll veio da década de 70. É bem verdade que grande parte das bandas que forjaram o hard rock como ele viria a ser feito no decorrer do tempo vieram dessa década, mas é inegável a quantidade de boas bandas surgidas nos anos 80, que vieram a explodir nos anos 90.

Em meio a bandas como Red Hot Chili Peppers, Faith No More, Guns N’ Roses, Metallica e R.E.M. surgia uma geração de garotos entediados, oriundos da chuvosa Seattle, nos Estados Unidos. De lá veio a maior remessa de bandas vindas do mesmo local num curto espaço de tempo, num movimento que ficaria conhecido como grunge.

Dos embriões Mother Love Bone, Green River e Mudhoney aos consagrados Nirvana, Pearl Jam, Alice in Chains e Soundgarden, isso sem contar outras bandas que foram diretamente influenciadas por estas, tais como os californianos do Stone Temple Pilots, os australianos do Silverchair, os ingleses do Bush, entre muitos outros.

O que acho curioso é que a tal cena grunge – rótulo esse rejeitado pela maioria das bandas à época – possui difícil identificação sonora, ou seja, quais são as semelhanças que tornaram o surgimento dessas bandas um movimento, além da óbvia cidade natal?

As semelhanças entre as bandas grunge são genéricas, afinal guitarras distorcidas e letras melancólicas não são exclusividade da turma de Seattle. Esteticamente o estilo dos integrantes das bandas realmente se assemelhava, com as clássicas camisas de flanela xadrez, jeans rasgado e cavanhaques de bode, mas com relação ao som cada uma das bandas possuía características marcantes.

O Alice In Chains era talvez a banda que mais se aproximava do heavy metal, com riffs matadores do excelente guitarrista Jerry Cantrell que desenvolvia melodias complexas que se encaixavam feito luvas nos vocais pesados e dramáticos de Layne Staley; já o Soundgarden também flertou com o peso do metal no começo, seguindo um caminho mais alternativo, beirando o pop no seu hit “Black Hole Sun”, revelando um dos melhores cantores da história do rock n’ roll: Chris Cornell; o Pearl Jam sempre foi uma banda de hard rock típica, porém longe da estética glam da década anterior, com dois guitarristas, muitos solos, refrãos marcantes e os vocais de Eddie Vedder que influenciariam toda a geração que viria a seguir; a banda que virou mito após a morte de seu vocalista, Kurt Cobain, o Nirvana teve suas raízes no rock underground americano, mas com a pitada certa de pop, que transformou o segundo disco dos caras, “Nevermind”, num sucesso mundial inesperado.

É difícil identificar o que forma um movimento, mas algumas características comuns no som das bandas costuma se destacar, como por exemplo no punk a velocidade das melodias, poucos acordes e simplicidade; no metal, a virtuose, as melodias trabalhadas e a agressividade; no progressivo a complexidade, longas melodias e alta parafernalha. Enfim, com o grunge essa distinção parece ser mais difícil, sem diminuir de forma nenhuma o brilhantismo de todas as bandas consideradas do movimento.

Temo que com esse empacotamento das bandas no rótulo do grunge, elas percam o devido reconhecimento histórico que merecem, pois nenhuma das bandas citadas pode ser diminuída por um banner que nunca quiseram carregar. Essa geração é das mais brilhantes do rock e influenciou outra porrada de gente disposta a sair da mesmice e fazer barulho.

O mundo precisa reverenciar e muito as bandas de rock dos anos 90, independente de serem grunge ou não, pois tiraram o rock da inércia e papagaiada dos anos 80 e se tornaram relevantes, cada qual com sua própria identidade sonora.

Fonte: whiplash.net

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