Por que 9 entre 10 fãs do Metallica odeiam “Load” (1996) e “Reload” (1997)? Eu respondo: por que os referidos álbuns não trazem o thrash metal que fez a banda famosa, na década de 80. Só por isso! Nada mais. Eu digo a verdade, porque ambos os álbuns trazem músicas inspiradas e pesadas, o suficiente fazer a festa de qualquer fã de rock pesado que tenha um QI considerável.
O texto representa a opinião do autor, não do coisasdorock.net ou de seus editores.
Ambos os álbuns são um verdadeiro desfile de pesados riffs absolutamente animais e de melodias carregadas de feeling! Contudo, “Load” e “Reload” não podem ser rotulados como obras de thrash metal, o que faz dos discos uma verdadeira heresia para os fãs conservadores do Metallica, predominantemente thrashers, curtidores de Anthrax, Slayer, Megadeth, Overkill, Testament ou Exodus. Bebedores de gasolina pura, com o termo "old school" tatuado em suas testas. Seres carnívoros, homens maus e sem lei! Beber uma cerveja, para esses caras é o mesmo que beber água! Então, porque “Load e “Reload” deveriam descer?
Já que, em português, os álbuns se chamam “Carregar” e “Recarregar”, eu digo que a banda acertou seu alvo em cheio. Não há do que reclamar, exceto – como dirão os thrashers – pelo fato de que não há thrash metal. Mas, e daí? Se nos detivermos a avaliar um disco apenas visando o conceito “música boa”, em minha opinião, “Load” e “Reload” estão absolutamente aprovados.
O Metallica mudou, é verdade. Saiu do thrash raivoso de “Kill’Em All” (1983) para o thrash com pitadas de melodia de “Ride The Lightning” (1984). Aliás, quando “Ride...” foi lançado, alguns fãs devem ter torcido o nariz para “Fade To Black”, não? Afinal, é praticamente uma balada! Isso não é thrasher, logo não é bom, segundo o raciocínio radical que desaprova qualquer sintoma de mudança e ousadia numa banda. Já em 1986, sai “Master Of Puppets”, o melhor álbum da banda, segundo, praticamente, todo mundo que vale o feijão que come (bem, eu não valho o feijão que como, pois meu favorito é o “Black Album”, de 1991). “Master...” é um trabalho pesado, com guitarras nervosas, solos matadores, riffs destruidores e uma genialidade em composição sem igual, até então. O posterior, “...And Justice For All” (1988), é ainda melhor trabalhado e mais sólido, em minha opinião. Na época, o disco foi tachado como “comercial”, mas, eu pergunto: onde está o comercial em “...And Justice For All”? Rá! Como se eles tivessem começado a tocar algo semelhante a Erasure ou A-Ha, quando, na verdade, “...And Justice...” é outro desfile de riffs magníficos e de criatividade musical. O que temos aqui é uma evolução musical que deveria ser apreciada por qualquer fã de música.
Em 1991 veio a tragédia para os conservadores de plantão: “Black Album”, que trazia algumas das “piores” coisas para um thrashers: baladas, como “The Unforgiven” e “Nothing Else Matters”, que soaram como água benta para um vampiro, na opinião dos saudosistas. Mesmo tendo petardos como “Sad But True”, “Wherever I May Roam”, “Of Wolf And Man” ou “The God That Failed”, o album é, até hoje, desmerecido pelos fãs da fase clássica, porém, adorado por uma grande legião de outros fãs, e eu estou incluso neste grupo.
Aí, após 5 anos sem nenhum álbum de estúdio inédito, chegam às prateleiras, em 1996, “Load”. Disco no qual, Hetfield, Ulrich, Hammet e Newsted aparecem de cabelos curtos no encarte, o que já era, em princípio, sinônimo de sacrilégio. E, pior: o álbum não tinha nada a ver com a inicial e adorada fase do grupo. Mesmo tendo feito a alegria de grande parte daqueles que aprovaram “Black Album”, “Load” é, até o presente, estigmatizado por uma expressiva parte dos fãs do grupo. A catástrofe se confirmaria (ainda mais) quando seu "irmão", “Reload”, chegou no ano seguinte, trazendo um som na mesma linha de seu antecessor.
A mentalidade que desaprova mudanças e prefere que sua banda do coração fique 100 anos fazendo a mesmíssima coisa, sequer vislumbra a possibilidade de colocar os álbuns para tocar e analisá-los com outros olhos.
Eu sou um homem que acredita em mudança. Como diria Timothy Leary, “você é tão velho quanto a última vez que mudou de opinião”. O lema contracultural (âmbito de expansão do rock n’roll) prega que a mudança é a única constante da vida. E fico feliz quando vejo uma de minhas bandas favoritas inovando e ousando, independente de se as pessoas aplaudirão ou vaiarão. Eu gostaria, sinceramente, de ver esse peito e coragem no Iron Maiden, por exemplo.
Olhemos os melhores momentos que compõem os álbuns resenhados: “Ain’t It My Bitch”, “2x4”, “The House of Jack Built”, “Until It Sleeps”, “Hero Of The Day”, Bleeding Me”, “Wasting My Hate”, “Thorn Within”, “The Outlaw Torn”, “Fuel”, “The Memory Remains”, “Devil’s Dance”, “The Unforgiven II”, “Slither”, "Where The Wild Things Are", “Prince Charming”, “Attitude”, etc. O que temos aqui? Temos riffs mais focados em hard rock com uma extra carga de peso. Temos melodias! Temos James cantando, ao invés de estar gritando. Temos bons solos de guitarra, temos boas produções, temos uma banda que cultiva o espírito da inovação. Então, por que tudo isso pode ser ruim? Por que essas obras foram jogadas na sarjeta pela grande maioria de fãs conservadores? Eu respondo, repetindo: porque não é rotulado como “thrash”. Simples demais, não é?
Sim, pode ser que o Metallica tenha pendido para um lado mais comercial. Verdade, lá não há thrash. E eu, cultivando meu senso crítico, repudio com veemência obras comerciais feitas somente para que seus autores tenham os bolsos cheios de dólares. Contudo, amo incondicionalmente a boa música e sou um entusiasta do espírito que encoraja mudanças!
Kerry King , do Slayer (o homem que sonha conhecer Lúcifer até hoje também tem direito a ter sua opinião), pode ter dito que os álbuns “não têm potência”. Mas o que seria potência pra ele? Thrash? Solos feitos na maior velocidade que um ser vivo pode atingir? Letras sobre o demônio, sobre morte, sobre os campos de concentração de “Auschwitz”? Que se dane! Passar na avaliação da MTV, Kerry King, ou dos maníacos thrashers não faz a mínima diferença se você está caçando boa música, bom rock n’roll! Aliás, quero frisar que não estou menosprezando o thrash metal, pois aqui há um fã de Testament, de Metallica old school, de Megadeth, de Slayer (sim!) e de outros grandes nomes do estilo.
Fonte: whiplash.net
Ambos os álbuns são um verdadeiro desfile de pesados riffs absolutamente animais e de melodias carregadas de feeling! Contudo, “Load” e “Reload” não podem ser rotulados como obras de thrash metal, o que faz dos discos uma verdadeira heresia para os fãs conservadores do Metallica, predominantemente thrashers, curtidores de Anthrax, Slayer, Megadeth, Overkill, Testament ou Exodus. Bebedores de gasolina pura, com o termo "old school" tatuado em suas testas. Seres carnívoros, homens maus e sem lei! Beber uma cerveja, para esses caras é o mesmo que beber água! Então, porque “Load e “Reload” deveriam descer?
Já que, em português, os álbuns se chamam “Carregar” e “Recarregar”, eu digo que a banda acertou seu alvo em cheio. Não há do que reclamar, exceto – como dirão os thrashers – pelo fato de que não há thrash metal. Mas, e daí? Se nos detivermos a avaliar um disco apenas visando o conceito “música boa”, em minha opinião, “Load” e “Reload” estão absolutamente aprovados.
O Metallica mudou, é verdade. Saiu do thrash raivoso de “Kill’Em All” (1983) para o thrash com pitadas de melodia de “Ride The Lightning” (1984). Aliás, quando “Ride...” foi lançado, alguns fãs devem ter torcido o nariz para “Fade To Black”, não? Afinal, é praticamente uma balada! Isso não é thrasher, logo não é bom, segundo o raciocínio radical que desaprova qualquer sintoma de mudança e ousadia numa banda. Já em 1986, sai “Master Of Puppets”, o melhor álbum da banda, segundo, praticamente, todo mundo que vale o feijão que come (bem, eu não valho o feijão que como, pois meu favorito é o “Black Album”, de 1991). “Master...” é um trabalho pesado, com guitarras nervosas, solos matadores, riffs destruidores e uma genialidade em composição sem igual, até então. O posterior, “...And Justice For All” (1988), é ainda melhor trabalhado e mais sólido, em minha opinião. Na época, o disco foi tachado como “comercial”, mas, eu pergunto: onde está o comercial em “...And Justice For All”? Rá! Como se eles tivessem começado a tocar algo semelhante a Erasure ou A-Ha, quando, na verdade, “...And Justice...” é outro desfile de riffs magníficos e de criatividade musical. O que temos aqui é uma evolução musical que deveria ser apreciada por qualquer fã de música.
Em 1991 veio a tragédia para os conservadores de plantão: “Black Album”, que trazia algumas das “piores” coisas para um thrashers: baladas, como “The Unforgiven” e “Nothing Else Matters”, que soaram como água benta para um vampiro, na opinião dos saudosistas. Mesmo tendo petardos como “Sad But True”, “Wherever I May Roam”, “Of Wolf And Man” ou “The God That Failed”, o album é, até hoje, desmerecido pelos fãs da fase clássica, porém, adorado por uma grande legião de outros fãs, e eu estou incluso neste grupo.
Aí, após 5 anos sem nenhum álbum de estúdio inédito, chegam às prateleiras, em 1996, “Load”. Disco no qual, Hetfield, Ulrich, Hammet e Newsted aparecem de cabelos curtos no encarte, o que já era, em princípio, sinônimo de sacrilégio. E, pior: o álbum não tinha nada a ver com a inicial e adorada fase do grupo. Mesmo tendo feito a alegria de grande parte daqueles que aprovaram “Black Album”, “Load” é, até o presente, estigmatizado por uma expressiva parte dos fãs do grupo. A catástrofe se confirmaria (ainda mais) quando seu "irmão", “Reload”, chegou no ano seguinte, trazendo um som na mesma linha de seu antecessor.
A mentalidade que desaprova mudanças e prefere que sua banda do coração fique 100 anos fazendo a mesmíssima coisa, sequer vislumbra a possibilidade de colocar os álbuns para tocar e analisá-los com outros olhos.
Eu sou um homem que acredita em mudança. Como diria Timothy Leary, “você é tão velho quanto a última vez que mudou de opinião”. O lema contracultural (âmbito de expansão do rock n’roll) prega que a mudança é a única constante da vida. E fico feliz quando vejo uma de minhas bandas favoritas inovando e ousando, independente de se as pessoas aplaudirão ou vaiarão. Eu gostaria, sinceramente, de ver esse peito e coragem no Iron Maiden, por exemplo.
Olhemos os melhores momentos que compõem os álbuns resenhados: “Ain’t It My Bitch”, “2x4”, “The House of Jack Built”, “Until It Sleeps”, “Hero Of The Day”, Bleeding Me”, “Wasting My Hate”, “Thorn Within”, “The Outlaw Torn”, “Fuel”, “The Memory Remains”, “Devil’s Dance”, “The Unforgiven II”, “Slither”, "Where The Wild Things Are", “Prince Charming”, “Attitude”, etc. O que temos aqui? Temos riffs mais focados em hard rock com uma extra carga de peso. Temos melodias! Temos James cantando, ao invés de estar gritando. Temos bons solos de guitarra, temos boas produções, temos uma banda que cultiva o espírito da inovação. Então, por que tudo isso pode ser ruim? Por que essas obras foram jogadas na sarjeta pela grande maioria de fãs conservadores? Eu respondo, repetindo: porque não é rotulado como “thrash”. Simples demais, não é?
Sim, pode ser que o Metallica tenha pendido para um lado mais comercial. Verdade, lá não há thrash. E eu, cultivando meu senso crítico, repudio com veemência obras comerciais feitas somente para que seus autores tenham os bolsos cheios de dólares. Contudo, amo incondicionalmente a boa música e sou um entusiasta do espírito que encoraja mudanças!
Kerry King , do Slayer (o homem que sonha conhecer Lúcifer até hoje também tem direito a ter sua opinião), pode ter dito que os álbuns “não têm potência”. Mas o que seria potência pra ele? Thrash? Solos feitos na maior velocidade que um ser vivo pode atingir? Letras sobre o demônio, sobre morte, sobre os campos de concentração de “Auschwitz”? Que se dane! Passar na avaliação da MTV, Kerry King, ou dos maníacos thrashers não faz a mínima diferença se você está caçando boa música, bom rock n’roll! Aliás, quero frisar que não estou menosprezando o thrash metal, pois aqui há um fã de Testament, de Metallica old school, de Megadeth, de Slayer (sim!) e de outros grandes nomes do estilo.
Fonte: whiplash.net